Cuidado com o apego demasiado

Cuidado com o apego demasiado

Por Pe. Frei Marcelo Aquino, O. Carm

Saber dá o devido lugar as coisas na nossa vida é um grande aprendizado, e nos conduz ao crescimento espiritual e humano. A nossa vida é feita de afetos. Há quem diga que esse, ou aquele, é carente, como sabemos, na verdade todos nós seres humanos somos carentes, não existe um homem sequer neste mundo que não seja carente, e por que não há? Não há, porque todos nós fomos feitos para o amor, para os afetos, ninguém foi feito para o ódio. O amor é a força que nos impulsiona a levar amor por todos os lados, porque Deus é o amor.

No entanto, não podemos confundir amor, com apego demasiado, nem às coisas, e, muito menos as pessoas. Esse mal acompanha muitas pessoas nesta sociedade hodierna, e isso vem causando um grande prejuízo as relações humanas. Há quem pense que muito apego é muito amor, não é.

O apego demasiado é prejudicial primeiro a alma, e depois ao corpo, pois, uma pessoa que se deixa apegar demasiadamente às pessoas, correm o risco de tirar o lugar de Deus de suas vidas e dedicar o espaço àquela pessoa “querida”, causando grave prejuízo a alma de quem o faz.

Falar sobre o mal do apego demasiado, não significa que se prega o total desprezo das pessoas e nem dos familiares, muito pelo contrário dá o verdadeiro sentido aos afetos aos amigos e familiares é caminho certo para reajustar os afetos, afetos esses que são constantemente contaminados pelos erros espalhados pela sociedade contemporânea, essa mesma sociedade que nos leva a buscar no prazer a cura dos afetos.

Em primeiro lugar os afetos não são uma doença para que precise ser curado, e, em segundo lugar, também não é a sociedade quem deve nos ensinar os caminhos a percorrer na solução dos nossos problemas, mas, a nossa madura compreensão do que vem a ser aqueles sentimentos que nos assaltam, muitas vezes estimulados por nós mesmos.

Portanto, os desafios de curar os apegos demasiados devem começar desde a família e se estender aos amigos. Uma mãe ou um pai que não se previne contra isso, pode sofrer muito na perda, por exemplo, de um ente querido, ele ou ela, precisa entender que isso mais cedo ou mais tarde vai acontecer, e quando chegar o dia, o acaso os encontre preparados.

Um marido deve ter em mente que, nem sua mulher e nem os seus filhos, podem ocupar o lugar de Deus em nossas vidas, Nosso Senhor disse: quem ama mais a seu pai ou a sua mãe que a mim, não é digno de mim. (Mt 10, 37). Então o que significa não ter apego demasiado? Significa que nós amamos às pessoas, mas temos plena consciência de que um dia ela pode nos faltar, se esta consciência nos acompanha, significa que mais facilmente vamos aceitar a vontade de Deus, caso venhamos a perder nosso parente ou amigo.

O casamento católico é indissolúvel, mas, infelizmente pode acontecer que um homem casado, ou uma mulher casada um dia venha a desistir de viver juntos por algum motivo, não desejamos isso a ninguém, mas se caso venha a acontecer, as partes envolvidas precisam saber como lidar com essa situação, não se pode agora uma das partes parar de viver por causa desta lástima, mas é preciso reencontrar o meio de continuar dedicando a Deus a sua vida.

Os afetos sempre vão existir, eles precisam ser canalizados, para uma melhor vivência da nossa carência, pois voltando a esse tema, carência só não tem quem já morreu.

O exercício de colocar Deus no centro de nossas vidas, nos ajuda a vencer o apego demasiado, e a ter a plena certeza que a nossa felicidade não é dada pelos homens, mas por Deus.

Quem sofre de apego demasiado às pessoas ou às coisas, pode até, fazer com que uma pessoa sofra mais que o necessário, por exemplo no caso de um doente terminal, que está prestes a morrer e nós com o nosso apego, “seguramos” a pessoa fazendo-a sofrer ainda mais.

Ajude-nos a evangelizar. Compartilhe!

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Redes Sociais